No século 12, no vilarejo de Woolpit em Suffolk, na Inglaterra, duas crianças de aparência verde foram encontradas na saída de um dos fossos da região por moradores que faziam a colheita de suas plantações.
As crianças, um garoto e uma menina, não falavam uma palavra em inglês e se comunicavam com uma linguagem desconhecida pelos cidadãos de Woolpit. A lenda conta que os dois foram levados para a casa de um morador, Richard de Calne, que se responsabilizou por cuidar deles.
Por vários dias, as crianças recusaram todos os tipos de comida. Apenas quando feijões foram oferecidos, o rapaz e a garota tiveram apetite. Depois de um tempo, eles perderam a coloração verde de suas peles, mas o menino acabou adoecendo e morrendo logo após seu batizado.
A menina sobreviveu e cresceu e, eventualmente, aprendeu a falar inglês. Ela explicou aos seus guardiões que ela e seu irmão vieram de um mundo sem luz do sol, com pouca luminosidade, e que não sabia dizer ao certo como eles foram parar na região de Woolpit.
Diferentes leituras tentam explicar o mistério sobre essas crianças. Há quem acredite que elas vieram mesmo de um mundo subterrâneo ou talvez até de um universo paralelo. Outra teoria que acompanha essa lenda é a de que eles eram alienígenas e que poderiam ter aterrissado na Terra por engano.
A teoria mais aceita hoje em dia, porém, é que as crianças escapavam da perseguição do rei Henrique II contra os invasores flamengos (belgas), e que fugiram do vilarejo de Fornham St. Martin quando este foi destruído pelo exercito britânico em um ataque que também matou seus pais.
A história por trás da lenda
O historiador Paul Harris explica, em sua análise publicada em 1998 sobre o evento, que as crianças se esconderam nas florestas da região e que desenvolveram anemia por terem ficado muito tempo sem alimentação. Isso poderia explicar a coloração verde de suas peles quando elas foram encontradas posteriormente em Woolpit.
O fato de a menina não ter lembranças claras de sua vida pregressa pode ser resultado dos eventos traumáticos vivenciados, assim como a privação alimentar pode ter afetado sua capacidade de raciocínio e memória durante o período de fuga entre florestas e cavernas.
A garota recebeu o nome de Agnes quando foi batizada, e há indícios de que tenha se casado com um oficial britânico chamado Richard Barre. A lenda das crianças de Woolpit, mesmo com o caráter folclórico e misterioso, foi registrada na época por dois historiadores: William of Newburgh e Ralph of Coggeshall.
É possível imaginar como a aparição de duas crianças, de coloração verde e falando uma língua estranha, poderia gerar mistério em um vilarejo no século 12, e ser considerado até mesmo um caso de seres de outro planeta.
Apesar de todas as explicações mundanas possíveis ao evento, a verdade completa por trás dessa história talvez nunca seja esclarecida, e talvez seja melhor a sustentação do mistério à desmistificação da lenda de Woolpit.
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