Porto Alegre, Rio Grande do Sul - 1988
POR : THIAGO
Durante mais de dois anos, o fenômeno envolveu toda uma
família, que presenciou, entre outras coisas, cenas de fogo espontâneo e
objetos "voando" soltos no espaço.
Philippe van Putten, da
Revista Planeta, esteve no local, relatando o que viu; "(...)Sob os
auspícios da ABP - Academia Brasileira de Paraciências -, voamos para
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com o propósito de promover
levantamentos preliminares acerca do fenômeno.
Na manhã de 17 de
maio de 1990, com o apoio de uma equipe da RBS TV Gaúcha, seguimos
para a Vila Santa Rosa, bairro da periferia de Porto Alegre.
Entramos numa ruela de barro e paramos diante da humilde moradia onde estranhos fenômenos vinham sendo observados.
Poucas semanas antes, a equipe da RBS TV Gaúcha conseguira filmar uma parapirogenia segundos após a sua eclosão.
Na
mesma época, um câmera do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT)
registrou o momento em que a roupa de uma das moradoras da casa começou
a pegar fogo.
As duas gravações tornaram-se documentos muito
importantes, uma vez que o poltergeist é, normalmente, muito evasivo,
cessando repentinamente diante de câmeras e de pesquisadores.(...) Na
casa, fomos recebidos por Blonilda Andrades Cardoso, de 55 anos, que
pacientemente nos descreveu os acontecimentos.
Blonilda, dona da
casa, nos acompanhou pelos pequenos cômodos, mostrando a quantidade
assustadora de danos causados pela parapirogenia e pelo "quebra-quebra"
de objetos lançados por forças paranormais.
No terreno em que
estávamos existem três construções: uma de alvenaria, à entrada, que
ainda está pronta, e outras duas nos fundos - uma de alvenaria e outra
de madeira. Nas duas casas dos fundos o fogo paranormal danificou
colchões, lençóis, cobertores e quase todas as peças de roupa da
família.
Jorge Luís Andrades, filho de Blonilda, teve de pedir emprestadas para poder ir trabalhar.
Na casa de madeira em que mora Mirian Andrades de 35 anos, irmã de blonilda, nem a máquina de costura escapou do fogo.
Blonilda e seus familiares perderam quase tudo em função da parapirogenia e do vôo dos objetos.
Em
casos como esse, em geral existe um epicentro humano, isto é, uma
pessoa que, inconscientemente, atua como vetor das forças do
poltergeist.
Segundo Blonilda Andrades, desde 10 de maio os
fenômenos que vinham ocorrendo na casa cessaram. Naquele mesmo dia,
Marli, uma moça que morava com a familia, viajou para Alegrete, no
interior gaúcho. A partir dessas informações, foi fácil detectar o
epicentro do poltergeist.
Concentrando a atenção no histórico
do convivio da jovem com a família, descobrimos que os primeiros
fenômenos foram observados ao redor de março de 1988, poucos meses após
o início da relação entre eles.
Marli Freitas de Oliveira, de
26 anos, namorada de Jorge Luís Andrades, parece levar consígo o
poltergeist para todos os lugares em que vai.
Ela e o namorado
moravam num casebre, nos fundos de um terreno que fica quase em frente
ao de Blonilda. Naquele terreno, numa casinha de madeira, cerca de 10
metros distante da moradia de Marli, residem Inês Darolt Cardoso, seu
marido Jean Danilo Cardoso (também filho de Blonilda) e Gislaine Darolt
Cardoso, de 6 anos, filha do casal.
O poltergeist foi observado em todas as casas da família, mesmo quando Marli se encontrava distante, do outro lado da rua.
Curiosamente,
o fenômeno não se propagou para nenhuma das casas vizinhas,
permanecendo restrito aos ambientes habitados pelos dez componentes da
família.
Quando tudo começou, em 1988, a parapirogenia não
ocorria. Os fenômenos se limitavam ao deslocamento paranormal de
objetos. O fogo foi visto pela primeira vez em 25 de março de 1990.
Em
todas as casas, móveis e utensílios foram vistos "voando" e dançando
sozinhos. Já em março de 1988, Blonilda acompanhara as andanças de um
copo sobre a mesa e os movimentos ordenados das cadeiras, que se moviam
como se tivessem inteligência.
A parapirogenia nas quatro
casas costuma ser precedida por um cheiro de queimado. O odor surge
antes da fumaça e do fogo, colocando todos em alerta. Na casa de
Blonilda, um armário incendiou-se por inteiro, queimando uma parte do
teto.
A combustão se dá até quando Marli está dormindo. Numa
ocasião, o próprio colchão em que ela estava começou a queimar e o fogo
chegou a atingi-Ia no pescoço.
Apesar de o fogo espontâneo ser
usualmente apagado com água, Inês e Bionilda disseram que, em muitas
ocasiões, viram a roupa molhada, pendurada no varal, começar a queimar.
Certo dia, a combustão ocorreu em roupas que estavam sob a chuva.
Quando
chegamos à Vila Santa Rosa, Marli, o epicentro, estava em Alegrete.
Mais tarde soubemos que o poltergeist a acompanhara até lá.
A
moça, de acordo com as declarações dos amigos e dos vizinhos, é muito
boa e se dá bem com todos. Aparentemente, mostra-se calma e não arruma
confusão com ninguém.
É um pouco introvertida e não aprecia
falar sobre a sua vida. Apesar do convivio de quase dois anos, ninguém
soube esclarecer aspectos sobre o seu passado.
Não sabiam dizer,
por exemplo, se Marli tinha uma opção religiosa, nem se é uma pessoa
interessada por cultos que lidem com fenômenos psiquicos.
Lucrécia
Santa Rosa, de 17 anos, filha de Blonilda, parece ter sofrido efeitos
de indução parapsicológica através do contato com Marli. Lucrécia não
somente presenciou, inúmeras vezes, parapirogenias e deslocamentos de
objetos pelo ar, como também ouviu vozes e foi atacada.
Na casa de Inês e Jean, a porta do banheiro e os móveis de cozinha sofreram fortes estragos por presenças invisíveis.
Lucrécia já viu roupas suas voando e teve um colar arrancado do pescoço sem que ninguém estivesse por perto.
Na escola, sentiu empurrões e leves chutes nas pernas. Com a viagem do epícentro para Alegrete, não sentiu mais nada.
Lucrécia
ouvia vozes de crianças chorando e pedindo ajuda. Isso levou todos a
pensarem na hipótese de estarem sofrendo uma intervenção espiritual de
entidades psi-teta (inteli-gências invisíveis e autonomas).
Passaram a crer que Marli deve ser médium, ou então que é alguém servindo como alvo de zombaria para espíritos malévolos."
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